quinta-feira, agosto 07, 2014

Eleições 2014:Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves


Local: Brasília
Data: 5-08-14

(Seguem trechos)

Assuntos: eleições 2014; infraestrutura; saúde; setor elétrico

Sobre Infraestrutura.

Em relação à infraestrutura, o que tenho dito é que o Brasil precisa de um choque de infraestrutura que vai impactar fortemente na competitividade de quem produz no Brasil. Hoje, da porteira da fábrica e das fazendas pra dentro, ninguém é mais produtivo do que o brasileiro. Mas quando você sai da porteira ou da porta da fábrica, falta rodovia, falta ferrovia, faltam hidrovias, faltam portos competitivos. Quando falei da ideia de construirmos um forte ministério para que isso possa ajudar a reestabelecer a credibilidade do país, abandonada, perdida hoje, para que possamos ter de novo capital privado nacional e estrangeiro a nos ajudar nesse mutirão de infraestrutura no Brasil.

Como a prioridade, as hidrovias e as ferrovias abandonadas em projetos por todo o Brasil. Obviamente, continuaremos buscando investir nos portos que, após a nova legislação aprovada ainda efetivamente não viu os investimentos acontecerem, e sempre no Brasil vamos precisar traçar também das rodovias. Mas é preciso também que saltemos de patamar na qualidade dos projetos e na segurança jurídica necessária, a partir de marcos regulatórios claramente estabelecidos, para que o capital privado, que se distanciou do Brasil pela segurança geral do governo, possa voltar.

Essa é uma das principais ideias que teríamos, outras ocorrerão e serão lançadas das próximas semanas para que tenhamos uma estrutura do Estado brasileiro e não essa paquidérmica, que aí está com 39 ministérios, mas muito mais enxuta, que possa entregar serviços públicos de qualidade e investimentos que o Brasil precisa.

Sobre planejamento no governo e marketing.

O meu ministério, o meu governo, não estará preocupado com marca, com slogan e não terá o ministro mais importante sendo o marqueteiro do governo. O que quero é resultado. O que é o PAC? O PAC é um conjunto de investimentos, alguns iniciados, alguns poucos concluídos, e grande parte deles pelo meio do caminho e até abandonados. A presidente lança o PAC3 a poucos dias das eleições sem ter concluído sequer o PAC1, o PAC2 ainda menos da metade dele, das obras essenciais e mais importantes também não finalizadas. O que precisamos é ter começo, meio e fim. O que precisamos é ter um governo que planeje, onde as obras comecem com um determinado preço – fiz isso muito no meu estado – e depois termine no prazo adequado, estabelecido e com o preço inicial. Hoje o Brasil é um cemitério de obras inacabadas e com sobre preços por toda a parte. Por quê? Falta gestão no Estado nacional.

Sobre o setor de saúde.
Quero eu dizer de uma forma muito clara: vamos construir uma política de saúde pública no Brasil, e hoje é um dia importante e poderia ser comemorado como Dia da Saúde, mas, infelizmente, para muitos brasileiros, é o dia da falta de saúde e interlocução com os vários setores representativos da área. Falta diálogo para enfrentarmos a questão da ausência de médicos, mas, mais importante, da ausência de saúde no Brasil. Estou preparado para que possamos construir a partir do diálogo uma nova etapa na qualidade da saúde pública, com o foco, por exemplo, nos atendimentos especializados. O nosso programa vai propor a criação de alguma coisa em torno de 500 grandes unidades regionais em um país de cerca de 5,5 mil municípios, onde o cidadão chega, é atendido por um médio especializado, é encaminhado a partir de um diagnóstico feito para fazer o exame, e já sai dali com os remédios. Vamos fazer uma verdadeira revolução no atendimento da saúde pública no Brasil, porque dinheiro existe, o que falta é qualificação na aplicação desse dinheiro e metas claras.

Os médicos estrangeiros são uma solução paliativa. O que disse é que no meu governo não permitirei a discriminação que existe hoje em relação aos cubanos, que recebem cerca de 20% do que recebem médicos de outras partes do Brasil. Mas, no meu governo, vou tratar a questão de forma estrutural. O que vamos fazer é criar uma carreira nacional de médicos para que a gente possa preparar, qualificar, e atender nas periferias das grandes cidades, nas cidades mais remotas, porque com o tempo eles mudarão de região. O que precisamos é de coragem para tomar medidas estruturantes, tudo o que falta ao atual governo, que governa no improviso, que governa no marketing.

Sobre médicos cubanos.

Os cubanos têm prazo de validade, ficarão aqui por três anos. O que pretendo é que não haja mais necessidade de médicos estrangeiros no Brasil, porque ao longo do tempo as nossas políticas, as nossas ações, permitirão que essas vagas sejam ocupadas por brasileiros formados e que passem pelo Revalida. Se houver necessidade [da presença de médicos estrangeiros], que isso seja apenas uma solução lateral e não a solução central. Porque o governo tratar a questão da saúde publica, única e exclusivamente com o mais medico é mascarar a realidade. Médicos são importantes, eu quero muito mais médicos, mas quero mais que isso, eu quero muito mais saúde para todos os brasileiros.

Sobre setor elétrico.

O custo dos equívocos do governo para os cidadãos brasileiros através dos aportes do Tesouro são imensos. São recursos que poderiam estar indo para a saúde, para a segurança pública e até para outros investimentos. A verdade é que esse caráter intervencionista do atual governo faz muito mal ao Brasil, porque desorganiza setores, como desorganizou o setor elétrico. A CNI calcula que já são mais de R$ 50 bilhões que estão sendo necessários a fundo perdido, cerca de R$ 20 bilhões, e outros, através de financiamento, para que o setor continue rodando. O que é mais grave, os investimentos deixaram de vir. O que vamos é tomar medidas que possibilitem leilões regionais de fontes alternativas, que estimulem a vinda do capital privado. O governo da presidente Dilma achou que o Estado solitariamente poderia fazer todos os investimentos necessários para a retomada do crescimento do Brasil. Não pode.

O governo do PT demonizou as parcerias com o setor privado durante dez anos, se curva a realidade e a necessidade delas no final do governo, mas faz isso de forma improvisada. E o custo disso está aí, são dez anos de engano, dez anos de medidas equivocadas, e quem vai pagar a conta em especial agora do setor elétrico e da própria infraestrutura no meio do caminho são os cidadãos brasileiros, porque os recursos estão vindo do Tesouro.

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