sexta-feira, setembro 05, 2014

Cohapar e Caixa Econômica Federal falam sobre a viabilidade para o uso da madeira na construção

Quando o assunto é popularização do uso da madeira como material construtivo, um dos grandes mercados possíveis seria o de habitação popular, pois o custo é mais competitivo com relação à alvenaria convencional, a obra é mais rápida e a necessidade de manutenção é menor. Esses pontos positivos foram reforçados por Jocely Loyola, assessora da Presidência da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), no 2º Simpósio Madeira & Construção, que aconteceu nos dias 28 e 29 de agosto, em Curitiba (PR).

Em sua palestra no Painel “Inovação – A Madeira como Material Construtivo”, Jocely falou sobre a tecnologia na utilização da madeira a serviço dos programas habitacionais. “Não somos grandes entendidos em madeira, mas nós usamos esse material nas nossas construções e buscamos metodologias construtivas que acelerem a produção habitacional do nosso Estado”, disse.

Segundo a assessora, o principal objetivo da Cohapar é equacionar o problema habitacional do Paraná, chegando principalmente às famílias de baixa renda. Em 47 anos de história da companhia, cerca de 187 mil unidades habitacionais foram construídas, mas, conforme Jocely lembra, o déficit do Brasil ao longo desses tempos agravou e o mesmo aconteceu com o Paraná. “Hoje, o nosso déficit entre a necessidade de novas moradias e a substituição de moradias existentes é em torno de 350 mil unidades”, revelou.

Sobre a forma depreciativa que a madeira é vista pela sociedade, a assessora comentou que isso acontece porque as sobras de madeiras são utilizadas em ocupações irregulares. Como as famílias que não têm renda suficiente para adquirir uma casa, elas acabam, de maneira bastante informal, produzindo a sua habitação. “Isso faz com que a nossa sociedade entenda que a madeira é um material de construção depreciado”, complementa. E é aí que entra o trabalho da Cohapar: transformar a realidade dessas famílias, tirando-as de uma casa sem condições sanitárias e conforto e levando-as para uma casa com um mínimo de conforto para sua habitação.

“O que o governo propôs nos últimos três anos foi produzir 100 mil unidades. Por isso, é possível perceber o mercado que existe para produção de casas com madeira caso nós consigamos viabilizá-las. Hoje, nós já atendemos mais de 95 mil famílias no Estado. Isso foi conseguido graças a um crédito abundante. O que nós precisávamos era de projetos para obter esses financiamentos”, avalia.

Para finalizar, Jocely garantiu que a Cohapar gostaria de ter mais projetos em madeira, justamente porque eles precisam de mais velocidade de obra. Além disso, ela reforçou que a madeira é mais competitiva em custo, se comparada à alvenaria tradicional.

A visão da Caixa Econômica Federal

No mesmo painel, a segunda palestrante foi Simone Cristina Ormiéres, engenheira civil e gerente executiva da Gerência Nacional de Padronização e Normas Técnicas da Construção Civil da Caixa. Ela trouxe a visão da instituição em relação às inovações tecnológicas. Para ela,
nos sistemas industrializados existe a necessidade de escala de produção a partir de sistemas construtivos inovadores. No programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, que está na fase 3, a perspectiva é de se construir três milhões de unidades habitacionais. “O ano de 2014 tem sido um ano para ajustar processos, aumentar a produtividade e aprimorar a qualidade das obras. Embora o setor tenha tido um crescimento pequeno, as perspectivas para 2015 são de crescimento”, adianta.

Segundo Simone, a Caixa sempre apoiou a pesquisa, a inovação tecnológica e os sistemas construtivos inovadores, industrializados ou não.

Para viabilizar os financiamentos, a gerente comenta que a “instituição concede a autorização, com número de unidades controlado e limitado, às inovações que comprovem desempenho para todos os requisitos de desempenho ABNT NBR 15575:2013, através da apresentação de um Relatório Técnico de Avaliação (RTA)”.

A inovação, conforme Simone disse na apresentação, se justifica quando apresenta alguma vantagem em relação ao que é feito de forma convencional, como melhor desempenho, menor custo, melhor qualidade, menor impacto ambiental, escassez de insumos e industrialização. Dentre as condições descritas pela Caixa para liberar o financiamento, estão: contratação de Instituição Técnica Avaliadora (ITA) para emissão de DATec; termos de garantia contra defeitos sistêmicos; contratação de monitoramento de obra para garantir a conformidade do sistema aprovado ao executado; e manual do usuário com as condições de uso e manutenção.

Ao encerrar a palestra, Simone Ormiéres fez um comparativo entre as vantagens e os gargalos inovadores quanto ao uso da madeira. “A madeira é um material renovável que minimiza os impactos gerados pela indústria e contribui para consolidar cadeias produtivas mais sustentáveis. Além disso, a utilização de madeiras de reflorestamento com manejo e beneficiamento controlados e processo de imunização por tratamento em autoclave para aumentar sua durabilidade, reduz o impacto ambiental nas florestas naturais. Em contrapartida, os sistemas construtivos chegam ao Brasil desconhecendo normas, PBQP-H e o Sinat. Também há um desconhecimento do comportamento dos sistemas leves e um preconceito do consumidor quanto ao uso, à ampliação e à manutenção da unidade habitacional, material e mão de obra”, completa.

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