quarta-feira, novembro 19, 2014

Após prisões, CPI vota convocação de políticos do governo e da oposição

Em meio à crescente tensão provocada pela prisão de executivos de algumas das maiores empreiteiras do País na sete fase da operação Lava Jato, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras volta a se reunir amanhã para retomar a votação de requerimentos que prevêem a convocação de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de desvio de recursos da estatal. A lista inclui desde lideranças do PT, como a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, como integrantes da oposição, entre eles o ex-candidato do PSDB à presidência da República e presidente nacional do partido, senador Aécio Neves, além do empresário Leonardo Meirelles - "laranja" do doleiro Alberto Youssef que acusa tucanos de também terem sido beneficiados pelo esquema.

Na semana passada, um acordo informal entre a base do governo e oposicionistas impediu a votação dos requerimentos com convocações polêmicas. Diante da má repercussão do acordo, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirma agora que não há mais qualquer entendimento para a reta final dos trabalhos e promete colocar em votação todos os requerimentos. "O acordo, me parece agora, está totalmente zerado. Na terça-feira vamos votar e espero que todos possam estar lá. Vamos votar todos os requerimentos que aguardam votação. A pauta não é feita por mim. É aberta", assegurou Vital.

A oposição pediu a convocação de Gleisi e seu marido, Paulo Bernardo, com base no vazamento de depoimentos de Youssef e do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo os quais a petista teria recebido R$ 1 milhão para a sua campanha ao Senado nas eleições de 2010. Ela e Bernardo negam as acusações.

Por outro lado, parlamentares do PT e integrantes da base governista apresentaram requerimentos para convocar Aécio Neves, e o empresário Leonardo Meirelles, "laranja" de Youssef no laboratório Labogen. Meirelles teria afirmado em depoimento à Justiça que parlamentares tucanos - entre eles um paranaense da região Norte do Estado - também teriam recebido propina do esquema que operava na estatal. Paulo Roberto Costa também teria dito que o ex-presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, que morreu em março deste ano, teria recebido propina de R$ 10 milhões em 2009 para abafar as investigações da CPI da época sobre a Petrobrás. Na ocasião, Guerra e o senador Álvaro Dias deixaram a comissão, alegando que os governistas impediam qualquer investigação.

O primeiro item da pauta da reunião da CPI atual é justametne o que pede a convocação de Leonardo Meirelles. O pedido foi feito pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Ele afirma que, segundo investigações da Polícia Federal, Leonardo atuava com o doleiro Youssef e com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em operações ilegais de câmbio, além de lavagem de dinheiro. Há ainda requerimentos que pedem as quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos de Meirelles.

Vargas - O empresário é pivô também do processo de cassação do mandato do deputado federal André Vargas (sem partido). Vargas é acusado de tráfico de influência em favor do laboratório Labogen - no qual Meirelles atuaria como "laranja" de Youssef - junto ao Minisstério da Saúde. O parlamentar - que na semana passada teve recurso contra pedido de cassação rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça - foi envolvido depois que revelou-se que ele usou um jatinho fretado pelo doleiro para uma viagem de férias ao Nordeste, no início do ano.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) negou que a oposição tivesse firmado um acordo para poupar políticos e acusou o governo de evitar a votação das convocações. O entendimento entre os membros da comissão seria apenas de ouvir primeiro ex-diretores da estatal e de subsidiárias e só depois os agentes políticos. "Quem assaltou a Petrobras não é deputado, não é senador, não é ministro. Eu reitero o que disse em outra oportunidade: é bandido de quinta categoria. A minha história combina com uma perseguição implacável a quem desvia dinheiro público, não com acordo", afirmou Sampaio.

Ivan Santos, Bem Paraná

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