segunda-feira, novembro 10, 2014

Dilma começa segundo mandato com Congresso conflagrado

No início do mandato, Dilma angariou a simpatia de parte da população por manter-se distante dos políticos, sempre os menos queridos nas pesquisas de opinião. Deixou nas mãos do ministro Antonio Palocci a tradicional lista de pedidos de nomeações para cargos. Sem Palocci, derrubado no primeiro escândalo de seu governo, Dilma escalou as senadoras Gleisi Hoffman, uma novata no Congresso, e Ideli Salvatti para dialogar com o Congresso. As duas foram desprezadas pelos parlamentares, assim como o outro antecessor delas, o deputado petista Luiz Sérgio. Os parlamentares perceberam rapidamente que Dilma não dava a seus líderes autonomia para decidir. O político respeita o poder e despreza quem não o detém. A última tentativa de Dilma nessa seara, ainda em vigor, foi com o ministro Aloizio Mercadante, um ex-senador que nunca foi muito popular no Congresso. Numa reunião, Mercadante disse a aliados que eles deveriam deixar de pedir cargos e fotos com Dilma. Foi atacado na hora, e a história mostrou que ele estava errado.

A seleção natural da política faz com que o poder dos presidentes míngue a partir da segunda metade do segundo mandato. Sem poder reeleger-se, eles veem os aliados migrar em busca de novas perspectivas. A resistência de Dilma à política poderá fazer falta antes, já em 2015. Os políticos não acreditam em suas promessas. Ela começará o mandato com um Congresso conflagrado pelas revelações do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef sobre o esquema de corrupção na Petrobras que drenou dinheiro público para PP, PT e PMDB. Não há chance de as duas CPIs da Petrobras não se tornarem barulhentas com o que já foi dito e o que poderá ser provado a partir disso. Dilma poderá ficar sem o poder que todo presidente tem no primeiro ano de mandato, quando sai fortalecido das urnas. É algo tão inédito quanto ter sido eleita presidente sem nunca ter disputado uma eleição, e assumir com a maior base de apoio da história no Congresso.


Leandro Loyola, Época

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