quinta-feira, novembro 06, 2014

No parlo niente, avisa Pizzolatto

Da Itália, o ex-diretor do banco do Brasil, Henrique Pizzolato, cancelou uma entrevista coletiva e diz não quer mais falar nada. Livre da Justiça brasileira que o condenou por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato disse, através de seu advogado, que não quer mais falar do passado nem retornar um dia ao Brasil. O recado foi dado pelo defensor do mensaleiro, Alessandro Sivelli, a jornalistas brasileiros que viajaram à Itália para uma entrevista coletiva que Pizzolato convocou na última sexta-feira para falar sobre os primeiros dias fora da prisão italiana após a Justiça de Bolonha negar sua extradição. As informações são da Folhapress.

"Ele me disse que não queria mais falar sobre o passado e me disse que não voltaria ao Brasil. Ele não é louco de voltar. Ele vai ficar aqui na Itália, não vai nem para San Marino nem para Mônaco", disse o advogado.

Livre, Pizzolato submergiu. O endereço que forneceu à Justiça italiana ao deixar o presídio é o do apartamento do sobrinho Fernando Grando - local onde ele se escondia sob o nome falso de um irmão morto quando foi preso em fevereiro deste ano e para onde não voltou nos últimos dias. Não é ilegal na Itália um ex-presidiário fornecer um endereço onde não reside para as autoridades.

Como está livre, Pizzolato pode ser intimado através de seu advogado para responder ao recurso que o governo brasileiro já anunciou que irá apresentar para insistir no pedido de extradição. O caso deve se estender por mais oito ou doze meses. Ele também responde a um processo por falsidade ideológica, uso de documento falso e substituição de pessoa.

No curso do processo do mensalão, ele cultivou documentos brasileiros e italianos em nome de Celso Pizzolato, seu irmão morto em um acidente de carro em 1978. Temendo uma condenação no Brasil, o petista também começou a transferir parte de seu patrimônio para a Europa.

A Folha de S.Paulo revelou em fevereiro que ele adquiriu três apartamentos no balneário espanhol de Benalmádena, próximo a Málaga --dois deles foram unidos e formam um só imóvel em um condomínio de alto padrão. Em valores de mercado, apenas estes três imóveis superam um milhão de euros (R$ 3,1 milhões).

Quando estava na Itália, ele chegou a iniciar a compra de uma casa no exclusivo litoral da Ligúria (Itália), mas foi preso antes de concretizar a transação. De acordo com os policiais italianos que apreenderam documentos em um dos esconderijos de "Celso Pizzolato" em fevereiro, o imóvel valeria cerca de 400 mil euros (R$ 1,25 milhão). A informação sobre a negociação desta villa --como são chamadas as charmosas casas com jardim e à beira do Mediterrâneo na Itália-- foi dada à polícia pela imobiliária que negociava o imóvel com o petista.

Entrevista cancelada

O cancelamento da entrevista coletiva que Pizzolato convocou teve justificativas contraditórias. Primeiro, o advogado Sivelli disse que seu cliente desistiu de falar com os jornalistas porque teve suas declarações "distorcidas" ao deixar a prisão na última terça.

"A imprensa brasileira escreveu coisas inexatas sobre a vida pessoal dele, sobre o seu patrimônio sobre as motivações da negativa do pedido de extradição", afirmou, sem apontar quem publicou informações falsas sobre o petista. Segundo ele, Pizzolato não quis conceder uma nova entrevista para evitar que o que dissesse fosse "instrumentalizado politicamente" no Brasil --novamente sem entrar em detalhes.

Ao ser lembrado que a entrevista foi anunciada dias depois da saída da prisão e que suas declarações foram publicadas na íntegra, Sivelli mudou a explicação, afirmando que Pizzolato não queria mais falar sobre o passado e que só desejava "recomeçar a vida" na Itália. Diante da insistência dos jornalistas sobre o convite para uma entrevista que Pizzolato não pretendia dar, Sivelli culpou o idioma: "Foi um equívoco. Ele fala italiano, mas nós não nos entendemos muito bem. Ele entendeu que apenas eu deveria falar na entrevista coletiva e eu entendi que era ele que deveria falar. Hoje ele me disse que não [concederia a entrevista]". "A verdade é essa, mas não sei o que dizer", disse o advogado ao reiterar a terceira versão diferente em menos de quinze minutos de conversa com repórteres em seu escritório, no centro de Módena.

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