O temor de grampos autorizados pelo Judiciário, ou ilegais, patrocinados por adversários políticos, tem levado a senadora Gleisi Hoffmann e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, a usar "telefones antigrampo" - rádios comunicadores com frequência exclusiva - supostamente invulneráveis a qualquer espécie de escuta.
A precaução vem sendo tomada desde que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, denunciaram Gleisi e o marido como beneficiários do Petrolão. O receio que pudessem estar sendo monitorados pela Polícia Federal aumentou muito depois que Paulo Bernardo deixou o Ministério das Comunicações e passou a ser um cidadão comum.
Um "sistema a prova de grampo" foi o responsável pela desgraça política de Demóstenes Torres. O ex-senador democrata cultivava a imagem de paladino da moralidade, mas mantinha ligações muito perigosas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Para tentar ocultar essa relação, o bicheiro e o senador só se falavam através de rádios comunicadores que acreditavam impossíveis de grampear.
A crença que o sistema era infalível era falsa e a Polícia Federal escutou, durante oito meses, todas as conversas, inclusive as mais constrangedoras, entre Cachoeira e Domóstenes. O Brasil inteiro ficou sabendo, por exemplo, dos nababescos presentes de casamento dados pelo bicheiro ao senador. Demóstenes foi, em 2012, o segundo senador cassado na história do Brasil.
Fábio Campana
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